Ser amigo do Presidente Trump não dá a Musk um bilhete dourado!

Elon Musk não é alheio ao poder. Quer se trate de uma conversa informal com líderes mundiais, de uma disputa no Twitter com reguladores ou de reuniões exclusivas com bilionários, o CEO da Tesla está sempre na órbita da influência. A sua recente relação com o Presidente da República pôs as línguas a mexer. Será que isso significa que a Tesla está prestes a receber um bilhete dourado do governo? Não é bem assim.

Apesar de todas as ligações de Musk, o destino da Tesla está ligado às realidades económicas, ao escrutínio regulamentar e à concorrência da indústria, que não são facilmente influenciadas por amizades pessoais.

A realidade política

É tentador pensar que uma relação confortável com o Presidente e a assunção de um papel de liderança na sua administração conduziriam a vantagens políticas. Um contrato governamental aqui, uma redução de impostos ali. Mas a Tesla não é uma empresa comum, e Musk não é um diretor executivo comum. Construiu o seu império perturbando os sectores e desafiando a autoridade, incluindo as próprias instituições que governam as suas empresas. Isso torna-o um aliado difícil para qualquer administração.

Mesmo que a Tesla seja convidada a ir à Casa Branca para tirar fotografias, o favorecimento político não é garantia de sucesso. Basta perguntar à Boeing, uma empresa com profundas ligações ao governo que ainda se encontra em crise após crise. As ligações políticas podem abrir portas, mas não podem corrigir balanços ou a fiabilidade dos produtos.

Os próprios desafios da Tesla

Os obstáculos que a Tesla enfrenta não podem ser resolvidos por um presidente com uma ordem executiva. A empresa enfrenta uma concorrência crescente por parte dos antigos fabricantes de automóveis e dos novos fabricantes de veículos eléctricos. A General Motors, a Ford e uma série de marcas chinesas estão a reduzir a quota de mercado da Tesla com modelos de preços agressivos. Entretanto, os incentivos aos veículos eléctricos não são exclusivos da Tesla - pelo contrário, os subsídios governamentais beneficiam muitas vezes mais os novos fabricantes do que os gigantes estabelecidos como a Tesla.

Depois, há a questão do próprio Musk. A sua imprevisibilidade é, desde há muito, uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que o culto da sua personalidade suscita o entusiasmo dos investidores, também convida ao escrutínio. As entidades reguladoras, desde a SEC até à NHTSA, têm mantido a Tesla sob um microscópio. Nenhuma amizade política pode apagar essa supervisão, especialmente quando as preocupações com a segurança e as disputas laborais estão nas manchetes.

O mercado decide, não o Presidente

No final do dia, o sucesso da Tesla não é ditado por quem está na Sala Oval. É ditado pela capacidade da empresa para inovar, aumentar a produção e manter a rentabilidade num mercado cada vez mais restrito. As políticas governamentais, amigáveis ou não, são apenas uma peça de um puzzle muito maior.

Os investidores e os consumidores preocupam-se com o desempenho, a fiabilidade e o custo. Se a Tesla cumprir o prometido, vai prosperar. Se tropeçar, nenhuma boa vontade política a poderá salvar.

Por isso, embora as reuniões de Musk com o Presidente possam dar boas notícias, não alteram os fundamentos. O futuro da Tesla, como sempre, está nas suas próprias mãos.

 

 

Declaração de risco: Esta informação destina-se apenas a fins educativos e não constitui um conselho de investimento. Os mercados financeiros envolvem riscos e o desempenho passado não é indicativo de resultados futuros. Realize sempre a sua própria investigação e procure aconselhamento profissional antes de tomar decisões de investimento.

 

 

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