Trump volta a bloquear o mercado?

Numa altura em que as tensões comerciais globais pareciam estar a abrandar, o Presidente Trump voltou a pegar no volante, desta vez, dirigindo-se diretamente ao sector automóvel. Com o anúncio de uma nova ronda de tarifas de 25% sobre os automóveis fabricados no estrangeiro, a administração dos EUA reacendeu os receios de uma guerra comercial total, fazendo estremecer as salas de reuniões e as mesas de operações.

Mas vejamos um pouco mais de perto quem é que está a ser apanhado na mira desta última reviravolta política?

Alemanha: A autoestrada dos problemas?

Em primeiro lugar, a Alemanha. Aqui não há surpresas. A indústria automóvel alemã é, desde há muito, um peso pesado nas importações de automóveis dos EUA, com nomes como BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen, que são praticamente um elemento básico nas entradas de automóveis americanas. A tarifa 25% é como um murro no estômago de uma indústria que já se debate com mudanças na eletrificação e com o arrefecimento da procura global. As acções da Daimler e da BMW oscilaram no início do pregão após a notícia, e Berlim não esconde o seu descontentamento. Espera-se que esta questão se torne novamente um ponto de discussão nas negociações comerciais entre a UE e os EUA.

Japão: O luxo e o legado em risco

O Japão não se está a sair muito melhor. Marcas como a Toyota, a Honda e a Nissan passaram décadas a criar lealdade nos Estados Unidos, mas mesmo com algum fabrico local, uma parte significativa do seu inventário continua a ser importada. Até agora, a reação de Tóquio tem sido comedida, mas não se enganem, esta tarifa ameaça prejudicar um dos seus sectores de exportação mais emblemáticos. Os investidores no Nikkei já avaliaram parte do sofrimento, com as perdas do sector automóvel a aumentarem.

Coreia do Sul: o ato de equilíbrio da Hyundai

A Coreia do Sul encontra-se numa situação difícil. A Hyundai e a Kia conseguiram localizar alguma produção, o que constitui um amortecedor, mas não o suficiente para evitar totalmente o impacto dos direitos aduaneiros. Seul manifestou a sua preocupação, dando a entender que esta medida pode violar elementos do acordo comercial KORUS revisto. O won coreano tem estado nervoso em resposta, com os mercados a anteciparem possíveis medidas de retaliação.

México e Canadá: NAFTA 2.0 é testado

E depois há a América do Norte. Ao abrigo do USMCA (antigo NAFTA), o México e o Canadá esperavam inicialmente obter algum isolamento em relação a este tipo de tarifas alargadas. Mas, como sempre acontece com a política comercial da era Trump, nada é assim tão simples. Ainda há ambiguidade sobre se determinados limiares de importação ou regras de origem os isentarão, e essa incerteza está a agitar as cadeias de abastecimento de Ontário a Monterrey.

O panorama geral: Protecionismo em alta?

A justificação, segundo a Casa Branca, é a segurança nacional. Mas os críticos nacionais e internacionais não estão a acreditar. Os economistas avisam que o tiro pode sair pela culatra, levando a preços mais altos para os consumidores americanos e a medidas de retaliação contra as exportações americanas. Os mercados, como sempre, detestam a incerteza. E, neste momento, há um excesso delas.

Então, o que é que tudo isto significa para os investidores e observadores? Em termos simples, é preciso apertar o cinto. Com as tensões comerciais a acelerarem mais uma vez e os ânimos diplomáticos a exaltarem-se, a indústria automóvel mundial acaba de se tornar o mais recente campo de ensaio para as tácticas tarifárias de Trump.

Como já vimos anteriormente, a bomba política de ontem é o motor do mercado de hoje. Esteja atento a este espaço.

 

Declaração de risco: Esta informação destina-se apenas a fins educativos e não constitui um conselho de investimento. Os mercados financeiros envolvem riscos e o desempenho passado não é indicativo de resultados futuros. Realize sempre a sua própria investigação e procure aconselhamento profissional antes de tomar decisões de investimento.

Biografia